O interesse em conhecer a Bolívia
surgiu em função de sua proximidade, exuberância
natural, cultura, gastronomia, facilidade aérea
e econômica da localidade. Para essa viagem
fui acompanhado da Lia Nardin, arquiteta urbanista e adepta a viagens sem
grandes planejamentos.
Vídeo Bolívia Trip
Dia
I: Chegada à Santa Cruz de La
Sierra
Após 06 horas de vôo
com escala em Asunción – PAR, chegamos à
Santa Cruz, como é popularmente conhecida, por volta das
14h. Através de contatos realizados com
brasileiros que estudam ali, um taxi já nos aguardava na saída
do aeroporto acompanhado da Narayane Rosa, brasileira, estudante de medicina e
responsável pelo nosso receptivo em terras
bolivianas.
Em poucos quilômetros
percorridos já era nítida
a característica ímpar
de um país onde a economia não
é tão favorecida, notada pelas construções,
veículos e infraestrutura apresentada a cada trecho alcançado.
Artista de rua na praça 24 de Setembro |
Cholita, personagem comum nas ruas de Sta Cruz |
Trânsito caótico de Sta Cruz |
Com uma breve parada apenas para deixar
as malas na pequena pousada que também serve de apoio a estudantes recém
chegados a cidade, fomos em direção à área central da cidade.
Fundada em 1561, Santa Cruz possui
quase 2 milhões de habitantes e localiza-se no
centro do país as margens do Rio Piraí.
A cidade é a mais importante do Departamento de
Santa Cruz. É a maior e mais populosa cidade da Bolívia,
considerada o motor econômico do país.
Para nos familiarizarmos com a nova
cultura local, optamos por realizar boa parte dos deslocamentos internos com o
transporte público oferecido. Através
dos micro ônibus, em sua grande maioria, bem
avariados seguimos até a Praça
24 de Setembro.
Casa de Governo |
Basílica Menor de São Lorenzo |
As palmeiras e as flores oferecem um
tom agradável a este lugar. No centro o visitante
se depara com o monumento a Ignacioin Warnes, herói
Boliviano. Ao redor encontram-se o Banco do Estado, a Alcaldia Municipal, a
Casa da Cultura, que possui uma ampla mostra da arte boliviana, e o tradicional
edifício da Prefeitura.
Casa da Cultura |
Centro Histórico |
Um dos edifícios religiosos mais importantes da cidade fica situado também nesta praça, a Basílica Menor de São Lorenzo, muito bonita e conservada ela é construída de tijolos, característica da arquitetura colonial. O Museu da Catedral guarda interessantes elementos religiosos, muitos deles datados da época das missões.
Já se iniciava a noite e após
um rápido lanche retornamos à pousada.
Frango, prato mais comum encontrado nos restaurantes |
DIA
II - Sta Cruz
Toby, fast food boliviano |
A primeira meta seria a troca de cambio
para facilitar a compra de produtos e serviços
oferecidos. Próximo à
Praça 24 de setembro existe uma rua apenas com casas de cambio e
cambistas negociando a compra e venda da moeda local nas calçadas.
Economicamente, ao turista estrangeiro, visitar a Bolívia
custa pouco, pois o dólar tem um poder de compra grande na
localidade.
Após reconhecimento das ruas paralelas ao
centro histórico, compra de produtos de característica
indígena no comércio local e almoço
numa espécie de “Mc
Donald´s” boliviano chamado TOBY, fomos até
uma feira livre tradicional chamada Los
Pozos. Ali o visitante encontra de tudo, desde comidas típicas,
grãos, eletrônicos, à
roupas com marcas falsificadas. Basicamente a lembrança
é de uma micro “25 de março
de São Paulo”. Sem muito que fazer por ali, fomos até
o Mercado Municipal. Havia um
professor em minha graduação que dizia: “Se
você pretende descobrir a essência
da cidade, vá até
o Mercado Municipal”. Pouco organizado e com muita
variedade de produtos, 40 minutos foram suficientes para reconhecimento do espaço
e registro com algumas fotografias. E de fato o Mercado retrata um pouco do que
é Santa Cruz: uma “bagunça
organizada”, onde o visitante se impressiona e a
população se entende claramente.
Los Pozos - feira livre |
Uma das quitandas do Mercado Municipal |
Ala das carnes no Mercado Municipal |
A noite Santa Cruz oferece excelentes
alternativas de entretenimento. Localizado em um bairro nobre, visitamos o Bar Goss com novos amigos brasileiros.
E foi exatamente ali que percebi o enorme contraste social da localidade - em
conversas com alguns bolivianos que conhecemos, não
existe a famosa classe média, ou se é
pobre, ou se é rico. A pequena parcela que representa
a alta sociedade da cidade, ali se encontrava. Com ótimo
cardápio e estilo musical, o espaço
pode agradar todo tipo de expectativa.
DIA
III – Samaipata
Às
8h da manhã um taxi já
nos aguardava em frente à pousada para um dos destinos mais
aguardados dessa viagem. Ramiro, além de taxista, é
um profundo conhecedor da região e cultura boliviana. Ainda em Santa
Cruz, ele nos sugeriu provar a famosa salteña,
um dos pratos típicos
locais, muito consumidos no café da manhã. A salteña é uma espécie
de empanado assado feito de carne de frango ou porco e um viscoso caldo
agridoce. Após a primeira mordida, sugere-se que
tome o caldo com uma colher inicialmente.
Com o café
garantido, seguimos rumo a Samaipata. Distante 120 quilômetros
de Santa Cruz, e a 2.000 metros de altitude em média,
o percurso oferece belas e raras paisagens montanhosas entre pequenos vilarejos
e pontos de venda de produtos agrícolas.
Paisagem a caminho de Samaipata |
Venda de produtos agrícolas |
Pequeno cemitério de um vilarejo |
Após 2h entre as estradas sinuosas,
chegamos ao centro de Samaipata. O local é considerado a capital arqueológica
do oriente boliviano. A natureza impressionante e a história
que se remonta desde os tempos pré-inca estão
como se o tempo nunca tivera passado.
Mirante próximo ao centro de Samaipata |
Monumento no centro de Samaipata |
Com uma pequena e organizada praça central, todo o entorno é direcionado para o turista com diversos locais de alimentação, hospedagem e venda de produtos de origem artesanal. Dentre as mais variadas opções nos identificamos com um restaurante familiar de cozinha espanhola. O salão basicamente era no jardim da residência ao lado de uma pequena e eficaz horta orgânica. Com apenas 6 mesas e atendimento personalizado realizamos um rápido e descontraído almoço.
Narayane, estudante de medicina e nossa guia na viagem |
Restaurante Tierra Libre- cozinha espanhola |
Bife de Chouriço + acompanhamentos - equivalente à R$12,00 |
Fachada do restaurante |
O período
da tarde nos reservava o Fuerte Samaipata
– Forte de Samaipata – um monumento arqueológico
lavrado em rocha arenisca que inclui figuras zoomorfas, fontes de água,
bancos de diversas formas e moradias, algumas cobertas hoje pelo mato, entre
outras maravilhas.
Fuerte Samaipata- Rochas areniscas com figuras zoomorfas |
Áreas de alojamento da comunidade Inca |
Áreas de alojamento ai fundo |
Ao fundo, oeste boliviano, início dos desdobramentos dos Andes |
DIA IV – Cotoca
Santuário da Virgem de Cotoca |
Novamente com a companhia de nosso amigo
taxista, seguimos até Cotoca, uma pequena cidade boliviana
localizada na província de Andrés
Ibáñez.
A 25 quilômetros de Santa Cruz, encontra-se o Santuário da Virgem de Cotoca onde se venera a santa imagem da virgem. Aos finais de semana o local é muito frequentado pelos moradores de cidades vizinhas para a participação nos eventos religiosos, são celebradas sete missas todos os domingos e todas sempre lotadas.
O entorno do santuário por sua vez, se organizou com uma pequena infraestrutura para o apoio do visitante, alguns pontos para alimentação e venda de produtos religiosos e artesanais da cultura local.
A visita é interessante e atende as necessidades e expectativas de quem visita.
A 25 quilômetros de Santa Cruz, encontra-se o Santuário da Virgem de Cotoca onde se venera a santa imagem da virgem. Aos finais de semana o local é muito frequentado pelos moradores de cidades vizinhas para a participação nos eventos religiosos, são celebradas sete missas todos os domingos e todas sempre lotadas.
O entorno do santuário por sua vez, se organizou com uma pequena infraestrutura para o apoio do visitante, alguns pontos para alimentação e venda de produtos religiosos e artesanais da cultura local.
A visita é interessante e atende as necessidades e expectativas de quem visita.
Sala dos pedidos |
Comércio de Cotoca - bebidas típicas |
Comércio turístico religioso |
De lá
seguimos direto ao restaurante do Ramiro. Em um confortável
espaço construído dentro de sua residência,
onde são servidos pratos típicos
bolivianos todos os finais de semana.
Eu, Lia, Nara e Ramiro |
Retorno
Com vôo
previsto para 14h, seguimos ao aeroporto, e com mais duas escalas em Asunción
e Buenos Aires, após 9h horas retornamos a São
Paulo.
Dicas e Curiosidades:
ü
Com um pouco de persistência, as
passagens podem ser compradas com milha por 4.000 pontos apenas cada trecho;
ü
A Bolivia não exige passaporte. Apenas
o RG feito nos últimos 10 anos já basta.
ü
Troque o cambio com dólar. Hoje o poder
de compra é maior;
ü
Negocie o valor das tarifas de taxi. O
preço pode variar em até 50% para o mesmo destino;
ü
Santa Cruz é uma cidade relativamente
segura e policiada, mas como todo grande centro urbano, fique atendo com os
objetos de valores;
ü
Um bom almoço custa em média 35
bolivianos ou 10 reais;
ü
Utilize transporte coletivo. O valor é
equivalente a 70 centavos de real e será uma ótima alternativa de entender o
dia a dia da população;
ü
Não existe ponto de ônibus, o
utilitário pode solicitar a parada o micro em qualquer lugar;
ü
Prove as comidas típicas com destaque
para a salteña;
ü
Reserve 25 dólares para a volta. Todo estrangeiro paga essa taxa extra no aeroporto antes do embarque;
ü
Todo motorista – taxi ou ônibus –
possuem pequenos brinquedos e objetos infantis no painel do veículo. Como
passam muito tempo trabalhando, essa é uma forma cultural para se recordar dos
filhos;
ü
A folha de coca pode ser facilmente
encontrada e consumida. Costuma-se mascar a folha com bicarbonato de sódio para
prolongar o tempo de sabor. Possui
funções culturais, ritualísticas e nutritivas;
ü
Trazer a folha de coca para o Brasil é
expressamente proibido;
ü
O transito é caótico e com péssima
sinalização. Acalme-se, em pouco tempo se acostuma;
ü
Em 04 dias visitamos 15 restaurantes,
percorremos aproximadamente 350km de taxi ou transporte coletivo urbano;
pernoitamos 03 diárias na pousada e compramos todo tipo de artesanato típico
encontrado. Valor médio gasto: R$ 450,00.