terça-feira, 10 de julho de 2012

PROSA DIGITAL: BOLÍVIA - SANTA CRUZ / SAMAIPATA / COTOCA


O interesse em conhecer a Bolívia surgiu em função de sua proximidade, exuberância natural, cultura, gastronomia, facilidade aérea e econômica da localidade. Para essa viagem fui acompanhado da Lia Nardin, arquiteta urbanista e adepta a viagens sem grandes planejamentos.

Vídeo Bolívia Trip

Dia I: Chegada à Santa Cruz de La Sierra
Após 06 horas de vôo com escala em Asunción PAR, chegamos à Santa Cruz, como é popularmente conhecida, por volta das 14h. Através de contatos realizados com brasileiros que estudam ali, um taxi já nos aguardava na saída do aeroporto acompanhado da Narayane Rosa, brasileira, estudante de medicina e responsável pelo nosso receptivo em terras bolivianas.
Em poucos quilômetros percorridos já era nítida a característica ímpar de um país onde a economia não é tão favorecida, notada pelas construções, veículos e infraestrutura apresentada a cada trecho alcançado.



Artista de rua na praça 24 de Setembro

Cholita, personagem comum nas ruas de Sta Cruz

Trânsito caótico de Sta Cruz

Com uma breve parada apenas para deixar as malas na pequena pousada que também serve de apoio a estudantes recém chegados a cidade, fomos em direção à área central da cidade.
Fundada em 1561, Santa Cruz possui quase 2 milhões de habitantes e localiza-se no centro do país as margens do Rio Piraí. A cidade é a mais importante do Departamento de Santa Cruz. É a maior e mais populosa cidade da Bolívia, considerada o motor econômico do país.
Para nos familiarizarmos com a nova cultura local, optamos por realizar boa parte dos deslocamentos internos com o transporte público oferecido. Através dos micro ônibus, em sua grande maioria, bem avariados seguimos até a Praça 24 de Setembro.

Casa de Governo
Basílica Menor de São Lorenzo

As palmeiras e as flores oferecem um tom agradável a este lugar. No centro o visitante se depara com o monumento a Ignacioin Warnes, herói Boliviano. Ao redor encontram-se o Banco do Estado, a Alcaldia Municipal, a Casa da Cultura, que possui uma ampla mostra da arte boliviana, e o tradicional edifício da Prefeitura.

Casa da Cultura
Centro Histórico



















Um dos edifícios religiosos mais importantes da cidade fica situado também nesta praça, a Basílica Menor de São Lorenzo, muito bonita e conservada ela é construída de tijolos, característica da arquitetura colonial. O Museu da Catedral guarda interessantes elementos religiosos, muitos deles datados da época das missões.
Já se iniciava a noite e após um rápido lanche retornamos à pousada.

Frango,  prato mais comum encontrado nos restaurantes


DIA II - Sta Cruz
Toby, fast food boliviano
Santa Cruz ainda tinha mais o que oferecer e logo pela manhã, retornamos ao centro – aproximadamente 10km percorridos de onde estávamos.
A primeira meta seria a troca de cambio para facilitar a compra de produtos e serviços oferecidos. Próximo à Praça 24 de setembro existe uma rua apenas com casas de cambio e cambistas negociando a compra e venda da moeda local nas calçadas. Economicamente, ao turista estrangeiro, visitar a Bolívia custa pouco, pois o dólar tem um poder de compra grande na localidade.
Após reconhecimento das ruas paralelas ao centro histórico, compra de produtos de característica indígena no comércio local e almoço numa espécie de Mc Donald´s boliviano chamado TOBY, fomos até uma feira livre tradicional chamada Los Pozos. Ali o visitante encontra de tudo, desde comidas típicas, grãos, eletrônicos, à roupas com marcas falsificadas. Basicamente a lembrança é de uma micro 25 de março de São Paulo. Sem muito que fazer por ali, fomos até o Mercado Municipal. Havia um professor em minha graduação que dizia: Se você pretende descobrir a essência da cidade, vá até o Mercado Municipal. Pouco organizado e com muita variedade de produtos, 40 minutos foram suficientes para reconhecimento do espaço e registro com algumas fotografias. E de fato o Mercado retrata um pouco do que é Santa Cruz: uma bagunça organizada, onde o visitante se impressiona e a população se entende claramente.




Los Pozos - feira livre 

 Uma das quitandas do Mercado Municipal
Ala das carnes no Mercado Municipal

A noite Santa Cruz oferece excelentes alternativas de entretenimento. Localizado em um bairro nobre, visitamos o Bar Goss com novos amigos brasileiros. E foi exatamente ali que percebi o enorme contraste social da localidade - em conversas com alguns bolivianos que conhecemos, não existe a famosa classe média, ou se é pobre, ou se é rico. A pequena parcela que representa a alta sociedade da cidade, ali se encontrava. Com ótimo cardápio e estilo musical, o espaço pode agradar todo tipo de expectativa.

DIA III Samaipata
Às 8h da manhã um taxi já nos aguardava em frente à pousada para um dos destinos mais aguardados dessa viagem. Ramiro, além de taxista, é um profundo conhecedor da região e cultura boliviana. Ainda em Santa Cruz, ele nos sugeriu provar a famosa salteña, um dos pratos típicos locais, muito consumidos no café da manhã.  A salteña é uma espécie de empanado assado feito de carne de frango ou porco e um viscoso caldo agridoce. Após a primeira mordida, sugere-se que tome o caldo com uma colher inicialmente.
Com o café garantido, seguimos rumo a Samaipata. Distante 120 quilômetros de Santa Cruz, e a 2.000 metros de altitude em média, o percurso oferece belas e raras paisagens montanhosas entre pequenos vilarejos e pontos de venda de produtos agrícolas.





Paisagem a caminho de Samaipata

Venda de produtos agrícolas

Pequeno cemitério de um vilarejo

Após 2h entre as estradas sinuosas, chegamos ao centro de Samaipata. O local é considerado a capital arqueológica do oriente boliviano. A natureza impressionante e a história que se remonta desde os tempos pré-inca estão como se o tempo nunca tivera passado.

Mirante próximo ao centro de Samaipata
Monumento no centro de Samaipata






















Com uma pequena e organizada praça central, todo o entorno é direcionado para o turista com diversos locais de alimentação, hospedagem e venda de produtos de origem artesanal.  Dentre as mais variadas opções nos identificamos com um restaurante familiar de cozinha espanhola. O salão basicamente era no jardim da residência ao lado de uma pequena e eficaz horta orgânica. Com apenas 6 mesas e atendimento personalizado realizamos um rápido e descontraído almoço. 

Narayane, estudante de medicina e nossa guia na viagem 

Restaurante Tierra Libre- cozinha espanhola

Bife de Chouriço + acompanhamentos - equivalente à R$12,00

Fachada do restaurante


O período da tarde nos reservava o Fuerte Samaipata Forte de Samaipata um monumento arqueológico lavrado em rocha arenisca que inclui figuras zoomorfas, fontes de água, bancos de diversas formas e moradias, algumas cobertas hoje pelo mato, entre outras maravilhas.

Fuerte Samaipata- Rochas areniscas com figuras zoomorfas

Áreas de alojamento da comunidade Inca

Áreas de alojamento ai fundo

Ao fundo, oeste boliviano, início dos desdobramentos dos Andes


O Sítio Arqueológico de Samaipata era um local de antigos rituais indígenas. É formado por uma colina, onde estaria o centro cerimonial de uma antiga cidade. A enorme rocha esculpida, um complexo de estanques e canais, domina a localidade. Trata-se de um depoimento único das tradições e crenças pré-colombianas. Patrimônio da Humanidade, tombado pela UNESCO, é uma das maiores construções monolíticas do planeta. O significado de Samaipata na linguagem Quéchua é descanso nas alturas.



DIA IV Cotoca
Santuário da Virgem de Cotoca
Novamente com a companhia de nosso amigo taxista, seguimos até Cotoca, uma pequena cidade boliviana localizada na província de Andrés Ibáñez. 


A 25 quilômetros de Santa Cruz, encontra-se o Santuário da Virgem de Cotoca onde se venera a santa imagem da virgem. Aos finais de semana o local é muito frequentado pelos moradores de cidades vizinhas para a participação nos eventos religiosos, são celebradas sete missas todos os domingos e todas sempre lotadas. 


O entorno do santuário por sua vez, se organizou com uma pequena infraestrutura para o apoio do visitante, alguns pontos para alimentação e venda de produtos religiosos e artesanais da cultura local. 


A visita é interessante e atende as necessidades e expectativas de quem visita.







Sala dos pedidos

Comércio de Cotoca - bebidas típicas

Comércio turístico religioso

De lá seguimos direto ao restaurante do Ramiro. Em um confortável espaço construído dentro de sua residência, onde são servidos pratos típicos bolivianos todos os finais de semana.



Eu, Lia, Nara e Ramiro


Retorno
Com vôo previsto para 14h, seguimos ao aeroporto, e com mais duas escalas em Asunción e Buenos Aires, após 9h horas retornamos a São Paulo.

Dicas e Curiosidades:
ü  Com um pouco de persistência, as passagens podem ser compradas com milha por 4.000 pontos apenas cada trecho;
ü  A Bolivia não exige passaporte. Apenas o RG feito nos últimos 10 anos já basta.
ü  Troque o cambio com dólar. Hoje o poder de compra é maior;
ü  Negocie o valor das tarifas de taxi. O preço pode variar em até 50% para o mesmo destino;
ü  Santa Cruz é uma cidade relativamente segura e policiada, mas como todo grande centro urbano, fique atendo com os objetos de valores;
ü  Um bom almoço custa em média 35 bolivianos ou 10 reais;
ü  Utilize transporte coletivo. O valor é equivalente a 70 centavos de real e será uma ótima alternativa de entender o dia a dia da população;
ü  Não existe ponto de ônibus, o utilitário pode solicitar a parada o micro  em qualquer lugar;
ü  Prove as comidas típicas com destaque para a salteña;
ü  Reserve 25 dólares para a volta.  Todo estrangeiro paga essa taxa extra  no aeroporto antes do embarque;
ü  Todo motorista – taxi ou ônibus – possuem pequenos brinquedos e objetos infantis no painel do veículo. Como passam muito tempo trabalhando, essa é uma forma cultural para se recordar dos filhos;
ü  A folha de coca pode ser facilmente encontrada e consumida. Costuma-se mascar a folha com bicarbonato de sódio para prolongar o tempo de sabor. Possui  funções culturais, ritualísticas e nutritivas;
ü  Trazer a folha de coca para o Brasil é expressamente proibido;
ü  O transito é caótico e com péssima sinalização. Acalme-se, em pouco tempo se acostuma;
ü  Em 04 dias visitamos 15 restaurantes, percorremos aproximadamente 350km de taxi ou transporte coletivo urbano; pernoitamos 03 diárias na pousada e compramos todo tipo de artesanato típico encontrado. Valor médio gasto: R$ 450,00.