Essa charmosa cidade colonial com seus lindos casaris, possui uma boa parcela de sua população formada por indígenas que mantém seus costumes e indumentárias coloridas
DIA I
Fazia frio e chovia muito naquele
momento, assim, após solicitar um taxi até a praça central, nos restava apenas
encontrar um abrigo e rever todo o planejamento que tínhamos para aquele dia.
Entramos num conhecido café chamado Joy Ride e após uma breve alimentação, entrei
em contato com o Rodrigo, um brasileiro missionário erradicado na Bolívia que
destina seu trabalho à jovens de baixa renda. Algumas quadras dali, andando a
pé mesmo naquela fina garoa, fomos recepcionados em sua casa. Com alguns
minutos de prosa, indicações do que fazer nos 02 dias que tínhamos pela frente
e reserva em um hostal (meio de hospedagem indicado para mochileiros) também no
centro da cidade, iniciamos o reconhecimento do centro histórico.
Área central de Sucre |
Praças e jardins são todos muito bem cuidados |
Ali, o visitante pode realizar a pé 04
roteiros aos principais monumentos e edificações de valor histórico, que com um
pouco de disposição, em apenas uma tarde tudo pode ser visto. O valor histórico
da cidade para o país é imenso. É a capital constitucional da Bolívia, sede da
Suprema Corte de Justiça e capital do departamento de Chuquisaca. Com
construções do século XVIII e XIX e centro histórico bem conservado, seus
imponentes prédios merecem e devem ser visitados. Destaque para a Casa de La Libertad , considerada um
dos mais importantes museus da Bolivia, foi cenário da assinatura da ata de
independência do país, em agosto de 1825. Com a república instaurada, o lugar
foi sede do Poder Legislativo (até que este se mudou para La Paz , no final do século 19) e
hoje exibe objetos que contam a saga boliviana na busca pela liberdade.
Casa de la Libertad |
Outro ponto interessante e ímpar da
área central é La
Catedral Metropolitana , construída entre 1559 e 1712, a catedral abriga o
Museu Catedralício, que é o primeiro e mais importante museu religioso do país.
A pinacoteca conta com uma vasta coleção de pinturas de mestres dos períodos
colonial e republicano. A catedral contém uma vasta coleção de joias feitas de
ouro, prata e outras gemas.
Já se aproximava o final de tarde e
como a expectativa das próximas horas na cidade com foco na gastronomia
autêntica era notável, fomos até nosso meio de hospedagem para um breve
descanso, banho e troca de roupas, já que uma gélida noite nos aguardava.
Por volta das 21h, situada apenas a
algumas centenas de metros do hostal, seguimos até um pequeno centro
gastronômico em um típico e rústico restaurante para saborear mais um pouco da
culinária local. Como já havia dito em outra edição, a gastronomia boliviana
oferece de tudo um pouco com condimentos e temperos diferenciados. A cozinha
chuquisaquenha – em referência ao Estado de Chuquisaca destaca-se por seus
ingredientes inusitados e, muitas vezes, insuportavelmente ardidos. Após calma e
quente alimentação realizada por um caldo picante de feijão preto com diversos
tipos de pães, a noite nos reservaria algumas horas de sono.
DIA II
Por volta das 09 horas da manhã, já
estávamos em frente ao El Pátio, espaço gastronômico nas redondezas da Plaza 25
de Mayo para saborear as unânimes saltenhas, uma espécie de empadas de massa
levemente adocicada e recheada com carne e caldos bem temperados.
Salteña - Salgado típico boliviano |
Parque Cretácico |
Escavações arqueologicas |
De volta a área central resolvemos
realizar um rápido almoço com um prato típico chamado Pique a lo Macho –
provavelmente o mais importante prato da Bolivia – composto por um conjunto de
carnes em cubos, batata, pimentões coloridos, tomate e a bombástica locoto, uma
pimenta boliviana com o grau de ardência insuportavelmente forte.
Pique a lo Macho - Infernal prato típico boliviano |
Após todo o sofrimento, olhos
lacrimejando, ardência duradoura e muita água, direcionamos a mais um destino
impar.
Castilho de la Glorieta |
Para facilitar o trajeto e cumprir com
o horário previsto para visitação, decidimos optar por um taxi. Localizado fora
da área central de Sucre, no caminho ao recanto rural de Yotala, o Castilho de la Glorieta é o principal
testemunho da riqueza da família Argandoña Urioste, uma das mais importantes da
história da cidade. Misturando arquitetura barroca e gótica, o edifício começou
a ser construído em 1893 e hoje é um interessante passeio para quem quer
conhecer o perfil mais aristocrático da cidade. No local o visitante pode se
deslocar nos ambientes internos e pouco decorados do castelo e subir até sua
mais alta torre por uma estreita e escura escada em caracol. A vista
panorâmica em 360º de toda a região faz jus a conquista da torre.
área interna do castelo |
Para o retorno, optamos seguir caminho
com um dos vários micro ônibus coletivos que haviam a disposição dos
visitantes. Ainda havia tempo para visitar uma pequena feira de artesanato
local. Com atendimento feito em sua grande maioria por indígenas que mantém
seus costumes e indumentárias coloridas, o espaço é constituído por tecidos
coloridos, objetos impares e de baixo custo, tornando uma excelente opção para
adquirir pequenas lembranças e presentes que remetem à cultura local.
Para o jantar, desta vez optamos por
um cardápio mais singelo e menos condimentado em relação à dolorosa experiência
que tivemos no almoço. Uma sopa de aspargo como entrada e uma tábua com
conjunto de carnes assadas e cortes diferenciados acompanhados de arroz branco
completaram o intenso dia de atividades.
DIA III