segunda-feira, 30 de setembro de 2013

SUCRE - A cidade branca da América




Essa charmosa cidade colonial com seus lindos casaris, possui uma boa parcela de sua população formada por indígenas que mantém seus costumes e indumentárias coloridas

DIA I

Novamente em terras bolivianas, logo pela manhã após um turbulento vôo partindo de Santa Cruz de La Sierra, chegamos em Sucre. Conhecida como a cidade branca da América - devido aos inúmeros prédios coloniais, todos pintados de branco – está situada entre belos vales e montanhas em uma altitude média de 2.800 metros.

Fazia frio e chovia muito naquele momento, assim, após solicitar um taxi até a praça central, nos restava apenas encontrar um abrigo e rever todo o planejamento que tínhamos para aquele dia. Entramos num conhecido café chamado Joy Ride e após uma breve alimentação, entrei em contato com o Rodrigo, um brasileiro missionário erradicado na Bolívia que destina seu trabalho à jovens de baixa renda. Algumas quadras dali, andando a pé mesmo naquela fina garoa, fomos recepcionados em sua casa. Com alguns minutos de prosa, indicações do que fazer nos 02 dias que tínhamos pela frente e reserva em um hostal (meio de hospedagem indicado para mochileiros) também no centro da cidade, iniciamos o reconhecimento do centro histórico.


 


Área central de Sucre
Praças e jardins são todos muito bem cuidados

 
 
Ali, o visitante pode realizar a pé 04 roteiros aos principais monumentos e edificações de valor histórico, que com um pouco de disposição, em apenas uma tarde tudo pode ser visto. O valor histórico da cidade para o país é imenso. É a capital constitucional da Bolívia, sede da Suprema Corte de Justiça e capital do departamento de Chuquisaca. Com construções do século XVIII e XIX e centro histórico bem conservado, seus imponentes prédios merecem e devem ser visitados. Destaque para a Casa de La Libertad, considerada um dos mais importantes museus da Bolivia, foi cenário da assinatura da ata de independência do país, em agosto de 1825. Com a república instaurada, o lugar foi sede do Poder Legislativo (até que este se mudou para La Paz, no final do século 19) e hoje exibe objetos que contam a saga boliviana na busca pela liberdade.











Casa de la Libertad



Outro ponto interessante e ímpar da área central é La Catedral Metropolitana, construída entre 1559 e 1712, a catedral abriga o Museu Catedralício, que é o primeiro e mais importante museu religioso do país. A pinacoteca conta com uma vasta coleção de pinturas de mestres dos períodos colonial e republicano. A catedral contém uma vasta coleção de joias feitas de ouro, prata e outras gemas.

Já se aproximava o final de tarde e como a expectativa das próximas horas na cidade com foco na gastronomia autêntica era notável, fomos até nosso meio de hospedagem para um breve descanso, banho e troca de roupas, já que uma gélida noite nos aguardava.

Por volta das 21h, situada apenas a algumas centenas de metros do hostal, seguimos até um pequeno centro gastronômico em um típico e rústico restaurante para saborear mais um pouco da culinária local. Como já havia dito em outra edição, a gastronomia boliviana oferece de tudo um pouco com condimentos e temperos diferenciados. A cozinha chuquisaquenha – em referência ao Estado de Chuquisaca destaca-se por seus ingredientes inusitados e, muitas vezes, insuportavelmente ardidos. Após calma e quente alimentação realizada por um caldo picante de feijão preto com diversos tipos de pães, a noite nos reservaria algumas horas de sono.

 

DIA II

Por volta das 09 horas da manhã, já estávamos em frente ao El Pátio, espaço gastronômico nas redondezas da Plaza 25 de Mayo para saborear as unânimes saltenhas, uma espécie de empadas de massa levemente adocicada e recheada com carne e caldos bem temperados.
 
Salteña - Salgado típico boliviano
 
Ainda restava um dos roteiros centrais a serem contemplados e assim fizemos até por volta das 12h, horário previsto para uma saída turística até o Parque Cretácico. Vale ressaltar que Sucre é conhecido por ter um dos melhores sítios paleontológicos do mundo e aquela região no passado foi habitada por diversos tipos de dinossauros. Após um interessante tour por outras áreas que compõem a cidade, chegamos até o Parque. Nada comparado o que vemos em filmes como Jurassic Park e afins, mas o pequeno e bem estruturado espaço oferece diversas esculturas em tamanho real dos dinossauros e salas reservadas a informações técnicas sobre determinadas espécies com destaque o grande fóssil de um Tiranossauro Rex, além de vários outros itens fossilizados e grandes painéis expostos ao público e com muitas informações sobre várias espécies. O passeio é todo guiado e dura aproximadamente 40 minutos.




 
 
Parque Cretácico

Escavações arqueologicas
 

De volta a área central resolvemos realizar um rápido almoço com um prato típico chamado Pique a lo Macho ­– provavelmente o mais importante prato da Bolivia – composto por um conjunto de carnes em cubos, batata, pimentões coloridos, tomate e a bombástica locoto, uma pimenta boliviana com o grau de ardência insuportavelmente forte. 
 
Pique a lo Macho - Infernal prato típico boliviano
 
 

Após todo o sofrimento, olhos lacrimejando, ardência duradoura e muita água, direcionamos a mais um destino impar.


Castilho de la Glorieta
Para facilitar o trajeto e cumprir com o horário previsto para visitação, decidimos optar por um taxi. Localizado fora da área central de Sucre, no caminho ao recanto rural de Yotala, o Castilho de la Glorieta é o principal testemunho da riqueza da família Argandoña Urioste, uma das mais importantes da história da cidade. Misturando arquitetura barroca e gótica, o edifício começou a ser construído em 1893 e hoje é um interessante passeio para quem quer conhecer o perfil mais aristocrático da cidade. No local o visitante pode se deslocar nos ambientes internos e pouco decorados do castelo e subir até sua mais alta torre por uma estreita e escura escada em caracol. A vista panorâmica em 360º de toda a região faz jus a conquista da torre.






 
área interna do castelo

 
 

Para o retorno, optamos seguir caminho com um dos vários micro ônibus coletivos que haviam a disposição dos visitantes. Ainda havia tempo para visitar uma pequena feira de artesanato local. Com atendimento feito em sua grande maioria por indígenas que mantém seus costumes e indumentárias coloridas, o espaço é constituído por tecidos coloridos, objetos impares e de baixo custo, tornando uma excelente opção para adquirir pequenas lembranças e presentes que remetem à cultura local.

Para o jantar, desta vez optamos por um cardápio mais singelo e menos condimentado em relação à dolorosa experiência que tivemos no almoço. Uma sopa de aspargo como entrada e uma tábua com conjunto de carnes assadas e cortes diferenciados acompanhados de arroz branco completaram o intenso dia de atividades.

 

DIA III

Com simples café da manhã oferecido pelo hostal e taxi agendado, após check-out, seguimos até a rodoviária central com destino a cidade de Potosi, cidade que abrigou a maior e mais importante mina de prata do mundo e criou uma das mais ricas populações da América Latina, na época. – próxima edição.