quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

PROSA DIGITAL – BONITO/MS – DIA I




O interesse em visitar Bonito/MS ocorreu após uma desistência repentina de uma pequena expedição para o Peru em função das chuvas e falta de disponibilidade de assentos no vôo diário operado pela TAM na rota Guarulhos/Lima. Dois dias antes de embarcar, decidimos (eu e Lia – facebook: lia nardin) que o interior do Mato Grosso do Sul seria uma ótima opção.


Com a rota definida e o interesse constante de não optar pelos pacotes turísticos – pacote é aquela coisa, nem sempre você paga menos e muitas vezes o itinerário é todo engessado – e com o intuito de conhecer outras oportunidades na cidade, no dia 20 de janeiro, embarcamos para Campo Grande/MS.
Tudo começou dentro dos conformes e "ironicamente" consegui pegar logo o primeiro vôo da daquela manhã. Vale considerar que possuo um cadastro na TAM com um dos tripulantes, onde me beneficio com certa facilidade financeira para vôos dentro das rotas operadas pela empresa, porém sem assento garantido. Como a situação da aviação nos dias de hoje, a demanda é infinitamente maior do que a oferta, os aviões estão sempre lotados. Lembrança frustrante que tenho durante a última viagem para Foz do Iguaçú/PR, onde fiquei por 16 horas vagando pelos corredores do Aeroporto de GRU até conseguir entrar num avião com escala em Curitiba para piorar um pouco as coisas. Haja azar para só um dia.

Enfim, chegando ao aeroporto de Campo Grande, o planejamento inicial era de pegarmos um taxi até a rodoviária do município e de lá sentido à Bonito. Porém, percebemos que o fluxo de transportes de agências receptivas é tão grande por ali que financeiramente optamos por realizar o traslado por R$80,00 (todos os valores serão disponibilizados em tabelo no final do relato) com a Bonitour ( www.bonitour.com.br ) – uma das mais tradicionais agências receptivas da cidade – o que a princípio não era legal, pois estávamos desviando do proposto em fugir dos pacotes e por acaso trombamos com o motorista que estava a espera de um grupo.

Na van, conhecemos um casal de SP (Juninho e a figurassa Janaina) – onde viriam a ser nossos companheiros em todos os passeios – que já haviam optado por um pacote em Bonito por uma operadora de SP e durante as mais de 4 horas entre gigantescas fazendas de soja e gado na região de Campo Grande e posteriormente matas características de cerrado – essa eu deixo para o Pedro Hauck www.pedrohauck.net explicar com detalhes, pois não é minha especialidade – entre campos direcionados para pecuária de corte, fomos comparando a variedade de atividades ofertadas em ecoturismo e turismo de aventura pelas agências receptivas e os valores praticados no destino. Foi ali que constatamos que em Bonito, pouco se faz, se você não tiver adquirido um produto por intermédio do receptivo.

Plantio de Soja – região de Campo Grande/MS

Analisando o mercado turístico aliado à sustentabilidade, essa alternativa passou a ser importante para elegerem a cidade como uma das principais rotas de turismo de natureza no país, pois com o receptivo organizado, você define um padrão de qualidade e controla a visitação através da capacidade de carga estabelecida em cada atrativo.

Após muita conversa, vídeos institucionais e promocionais apresentados no transporte e afinidade com o casal que tínhamos acabado de conhecer, ao chegar à sede na Bonitour decidimos optar pelos produtos oferecidos. Foi então o primeiro impacto, pois quase não tínhamos mais possibilidades de passeios em função da capacidade de carga estabelecida – as reservas por operadoras quase que lotam a capacidade de visitação dos atrativos. Ali duas surpresas: a dúvida sobre a realização de passeios tradicionais como a flutuação no Rio da Prata e visitação na Gruta da Lagoa Azul, junto às inconstantes alterações climáticas – o que impede certos acessos – e o alto preço praticado, até certo ponto tabelado pelas empresas locais.

Praça principal de Bonito. Em destaque, as Piraputangas Fonte: oparquet.blogspot.com 

A questão do preço é de simples entendimento: a "região" (depois explico isso) é altamente atrativa pelos diferenciais naturais e possui uma demanda que chega a dar inveja a outras regiões consideradas turísticas, não apenas pelo turista interno, mas também, por muitos estrangeiros em grande maioria europeus onde o Euro é a moeda vigente – mais valorizada que nosso crescente Real. Paga-se em média R$150,00 por cada atrativo incluindo visitação + alimentação + transporte.

Conversando com moradores locais, recebemos a indicação de uma pequena pousada de administração familiar chamada "Vôo das Garças" (www.pousadavoodasgarcas.com.br) localizada a aproximadamente 01 quilometro de distancia do centro. Ao chegar ao local encontramos um ambiente tranqüilo e de fato bem familiar, onde o hospede tranquilamente se intera com os proprietários e funcionários, fugindo um pouco da formalidade de maiores empreendimentos hoteleiros no esquema: "bom dia senhor, olá senhor e como vai senhor?". Destaque para o valor de R$130,00 a diária em apartamento duplo e a criação de coelhos soltos nas áreas gramadas da pequena propriedade.

Ali no local, descobrimos que a 03 quadras, encontrava-se o Projeto Jibóia (www.projetojiboia.com.br ) , um organizado espaço onde diariamente às 19 horas são realizadas palestras sobre serpentes. Com uma taxa de apenas R$20,00 o visitante participa de uma "prosa" de aproximadamente 02 horas apresenta pelo irreverente proprietário com foco na desmistificação das serpentes não peçonhentas, assim como um trabalho de educação ambiental visando a diminuição da matança indiscriminada das serpentes na natureza e a criação de exemplares em cativeiro para suprir o mercado de animais de estimação evitando a coleta irregular no meio ambiente, e de cortesia, ganha a oportunidade de tirar uma foto com uma das jibóias do criadouro. Pra quem adquirir a camiseta do projeto pelo custo de R$30,00 ganha a foto com a phyton – na verdade uma manobra de aumento do faturamento, pois se percebe claramente que os visitantes compram a camiseta apenas pelo registro com enorme cobrinha albina. O momento alto da palestra é quando o proprietário pergunta aos visitantes porque eles estão ali. As inúmeras respostas são direcionadas para o conservacionismo, educação ambiental, valorização da espécie e como resposta, todos absorveram silenciosamente que estavam ali simplesmente para manter o projeto financeiramente, uma vez que a iniciativa é toda privada. Considero como um ponto interessante, pois nada mais é do que uma questão empreendedora, onde muitas organizações similares doutrinam a questão ambiental, onde nada mais do que o faturamento é o que está em questão.

Falando em empreendedorismo, esse mesmo "cidadão da jibóia" teve a inovadora idéia de criar um mapa turístico diferente – coisa que até então não existia de maneira organizada no município – aos moldes do metrô Londrino e a partir daí vendeu os espaços publicitários às empresas existentes na cidade. Nesse momento, os mais atentos percebem que o cooperativismo e sinergia é algo evidente na localidade.


Dali, o final da noite se resumiu em um bom restaurante – destaque para o acessível preço da carne, que segundo o "amigo" garçom, nos informou que o quilo da picanha gira em torno de R$9,00 no açougue (que beleza heim?). São inúmeros os restaurantes na área central da cidade para todos os gostos e bolsos. Estando ali, recomendo provar a carne de jacaré – algo um pouco mais exótico - pois a "deliciosa gastronomia sul matogrossense" como eles costumam vender nos atrativos, não passa de arroz com feijão carioquinha, frango e quiabo com pequi...


Continua!










 

3 comentários:

Camila Bassi disse...

Muito Bacana Du. Eu estive lá 10 anos atraás e acho que preciso voltar para ver como está. Boas dicas.
Beijoca

Tietta Pivatto disse...

Ótimo relato!

Como moradora de Bonito gostei de ver a percepção que teve de nossa região. Aguardo os próximos relatos.


Abraços,

Tietta Pivatto
Bonito - MS

lu noratto disse...

duuu muito bommmm !! é o que precisava pra me programar pra estar em bonito..showw